sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

REUNIÃO DE MOVIMENTOS CULTURAIS DA ZONA LESTE


Debate entre movimentos, artistas e militantes da cultura da zona-leste



Cerca de 35 pessoas se reuniram em Ermelino Matarazzo na noite de ontem, 14, para debater os problemas enfrentados pela cultura na cidade e seus desdobramentos específicos para a região Leste.

Um dos principais objetivos dessa mobilização é trazer o Secretário de Cultura Juca Ferreira para um debate na Zona Leste.

Estavam presentes pessoas de vários coletivos culturais da zona leste como Itaquera, Itaim Paulista, São Miguel, Ermelino Matarazzo, Cidade Tiradentes e Guaianazes.



Voz da Leste estava lá para o debate também. No encontro foram levantadas problemas herdado da gestão Serra-Kassab que ainda continuam a assombrar a área cultural na cidade e sua periferia, também houve falas propositivas de ações que os mesmos deveriam fazer para uma melhor articulação e pressão sobre o governo de Haddad.



Para começar foi iniciada uma fala sobre a reunião Existe Diálogo em SP promovida pelo secretário de Cultura Juca Ferreira e representantes da sociedade civil organizada no Centro Cultural São Paulo. Neste dia o secretário ouviu as demandas e reclamos de vários grupos culturais da cidade para um diálogo sobre os rumos da cultura em São Paulo nos próximo 4 anos. Algumas pessoas do encontro levantaram falas do secretário como:

  • boa vontade para diálogo com as comunidades por parte do secretário;
  • parte do dinheiro da cultura foi congelado no último ano do governo Kassab;
  • queda da verba da cultura de 3% para 0,9%;
  • diálogo com governo federal na área da cultura;
  • edital para os Pontos de Cultura;
  • criar meios para a periferia não ser apenas um local dormitório na cidade.
  • regulamentação dos conselhos gestores de cultura com participação popular.
Algumas pessoas que participaram dessa reunião no CCSP relataram falas preconceituosas com relação a periferia como "lá só tem funk, tráfico e postos de gasolina". Há a necessidade de desconstruir a imagem da periferia na cidade e mostrar que não precisamos ser civilizados de fora, que já construímos nossas ações a partir de nossas localidades.

Debatemos então a necessidade de formar uma rede cultural na zona leste de forma mais organizada e profissional para se colocar em pé de igualdade com outros movimentos culturais da cidade, notadamente das áreas mais centrais, que conseguem boas verbas para suas ações. Um exemplo são vários grupos de teatro do centro que conseguem fomentos e verbas da Cultura. Outro ponto foi a descentralização do debate, deslocando do centro para a periferia, exigindo a vinda do secretário para a zona leste.

Foi firmado no encontro de ontem a necessidade de se construir uma ampla sistematização dos problemas levantados, das demandas requeridas, das idéias sugeridas, ao mesmo tempo construir um levantamento de todas as ações já realizadas pelos movimentos e uma carta a ser entregada ao secretário de cultura para fazer peso às reivindicações desejadas.


Problemas levantados

São várias as reivindicações na área  vejamos alguns problemas levantados ontem:

  • sucateamento das Casas de Cultura;
  • coronelismo na indicações de cargos para supervisor de cultura nas Subprefeituras;
  • burocratização para uso de espaços como Ceus, Casas de Culturas e locais públicos (praças, ruas);
  • ingerência da Guarda Civil Metropolitana (CGM) que atrapalha e impossibilita o uso dos espaços públicos da cidade;
  • falta de diálogo da gestão anterior;
  • boicote de grupos e pessoas no uso dos aparelhos públicos culturais;
  • falta de organização dos movimentos culturais da zona leste;
  • falta de verbas para ações culturais na periferia;
  • concentração de verbas para Virada Cultural (60% do total destinada à Cultura);
  • concentração de políticas culturais nas áreas centrais da cidade;
  • promover real efetivação do usos dos recursos disponíveis;
  • necessidade de espaços laicos para realizações culturais;
  • maior clareza nos objetivos e ações dos movimentos da zona leste;
  • participação no debate sobre o Vale Cultura do governo federal.
Ficou acordado então que será construído um grupo, inclusive virtual, para começar as ações de sistematização dos problemas, propostas e levantamento das ações já realizadas pelos coletivos envolvidos, todo esse material deve ser entregue ao secretário juntamente com uma carta assinada por todos.





Propostas e reflexões

Mas não só de reclamações vive o mundo, no encontro foram levantadas algumas propostas para reflexão-ação nos grupos. Todos concordam que devemos tomar distanciamento de movimentos religiosos e partidário, notadamente o PT (que nos emprestou sua sede para este encontro em Ermelino) para não cair no erro de outros movimentos que se acomodaram diante das gestões petistas. Devemos nos manter críticos e não nos deixar cooptar. Outra decisão é fazer lutas em várias frentes, mídia,  rua, internet, articulações políticas e de movimentos. Nesse sentido a Voz a da Leste entra como meio para divulgação das ações, problemas e propostas dos movimentos na Zona Leste. Contudo, nao podemos nos restringir a apenas nossa região, até para evitar o que chamaram de "guetização" do movimento, é preciso dialogar com outros movimentos da cidade para trocar experiências como já vem sendo feito com grupos da zona sul como o coletivo Solano Trindade

Outro aspecto importante é utilizar os espaços de debates que possuímos na zona leste como a USP Leste, a Unifesp em Guarulhos e o espaço do Padre Ticão em Ermelino Matarazzo  Na USP há já trabalhos sobre a zona leste como o debate em torno do Memorial da Zona Leste que deve ser construído nos próximo anos. Lembramos a importância desse debate já que sabemos que a memória é um espaço político; que memorias farão parte deste local?

Ainda na USP há vários grupos que estudam cultura, periferia, políticas públicas, memória política entre tantos que podemos nos valer para refletir em nossas ações.

Também foram levantados alguns encaminhamentos e convites para nos ajudar a pensar daqui pra frente.

  • financiamento de artistas e grupos culturais;
  • o que se oferece nos espaço culturais?
  • como é feita e quem é a gestão destes espaços?
  • politicas participativas;
  • democratização do acesso e da produção cultual
  • como serão os registros das ações daqui fra frente?
  • criação de dossiê sobre os movimentos culturais;
Foram mencionados também dois eventos que podem ser importantes nessa luta pela cultura, o Forum de Cidade Tiradentes (que já publicamos aqui) e debates com o Padre Ticão e orgãos do governo municipal, estadual e federal.

Datas - Forum de Cidade Tiradentes de 18 a 20 de março de 2013
         - Padre TIcão todas as sextas feiras de 01 de março à 04 de abril.

Lembrando que amanhã, sábado 16, vai haver um primiero encontro no Centro de Formação Cultural em Cidade Tiradentes para pensar a cultura e o forum.

Terminada o encontro  ficou decidido que as reuniões serão quinzenais e sempre as quintas a noite, podendo se ajustando às necessidades das pessoas envolvidas.

Vida longa!

É isso minha gente, é se mexendo que mudamos o mundo.muita força pra todos nós!!!!

Marcel






3 comentários:

  1. Pessoal,

    Importantíssimo esse trabalho de registro das discussões. Espero conseguir estar presente na próxima.

    Abs

    ResponderExcluir
  2. Muito bom o texto e as discussões. Tb espero estar presente no próximo encontro.

    ResponderExcluir
  3. Ficamos aqui da SUL ou melhor da Cidade, pq periferia é Cidade, estamos felizes com a Articulação da Leste. Nós fizemos um primeiro encontro com o Juca e apresentamos à ele e sua nova equipe uma a Carta Aberta onde todos nós devemos construir e cobrar nestes quatro anos. Queremos muito participar deste fórum com vcs.


    http://agsolanotrindade.com.br/index.php/quemsomos/politica/359-proposta-secretario.html



    ResponderExcluir